Por Mônica Barboza Paes de Barros

A pandemia do novo Coronavírus mudou a face de tudo o que conhecemos, da forma de vida que tínhamos como nossa, e que nos foi roubada por uma criatura invisível que muda de pele a seu bel prazer, e que mesmo os maiores especialistas não sabem de onde veio e para onde vai, levando todos nós na coleira. Transformou nosso cotidiano, nossas carreiras, nossos mercados, nossa visão de mundo e de futuro. Mas somos bichos do varejo, temos que ser sagazes para entender estas transformações e ágeis o suficiente para virarmos o jogo.

Neste texto, trarei a visão de Luis Felipe Salles, profissional da área comercial de shoppings centers, pra lá de gabaritado para falar um pouco de como estes grandes e importantes empreendimentos do varejo podem encontrar novos caminhos frente aos desafios de ver seus amplos e confortáveis corredores esvaziados pelo medo deste intruso em nossas vidas.

Luis, você descreve com maestria como foi criar do zero um shopping center em uma cidade de interior, onde as pessoas viajavam até 500 km para ter a experiência de conhecer um shopping center e tudo o que eles oferecem. As lojas convencionais encontraram, no meio digital, uma forma de oferecer esta mesma experiência de compra de seus produtos. Como se oferece experiência virtual de todo um shopping center?

O shopping center foi para a palma da mão do consumidor, e esse é o maior desafio dos empreendedores no ambiente digital: criar experiências múltiplas e mais próximas da percepção da vivência física para gerar recorrência e fidelidade. Há um enorme esforço do marketing das grandes redes de varejo no sentido de criar, no ambiente digital, incentivos para uma maior conexão, aliando experiencia digital, benefícios adicionais, geração de conteúdo relevante e ofertas customizadas, culminando assim em formas mais humanizadas de comprar e receber os produtos. O Shopping pode ser um marketplace com “bandeira própria” ou hospedado numa plataforma terceirizada em um dos gigantes do setor de e-commerce, onde a digitalização passa a ser uma necessidade e ao mesmo tempo a sustentabilidade do negócio. É um movimento exponencial e sem volta.

Nesta grande e rica experiência, você se joga de cabeça na empreitada de morar em uma nova cidade, levar algo novo a um público específico e entender uma outra cultura. Que mensagem você daria para aquele profissional que está à beira de aceitar ou não uma tarefa que a olho nu lhe pareça impossível de realizar?

As pessoas têm sonhos que não conseguem tirar do plano das ideias muitas vezes por acreditarem não ter a habilidade necessária. Digo por experiência própria: quanto mais difícil, mais motivante, simplesmente porque poucos conhecem o limite da sua competência.

É exatamente esta falta do entendimento e do domínio do assunto que deve nos motivar, quando se é forçado a buscar o conhecimento e superar limitações físicas e mentais, um incentivo que vem do fundo do coração e da intuição. Por isso, tanto faz qual a tarefa ou a função, você irá conseguir se desejar realmente fazer. Para isso, a busca por conhecimento mais refinado no assunto, um plano de ação e foco absoluto são fundamentais. O modelo de tentativa e erro não deve ser encarado como vergonha, e sim como um prazer. Então, tente sem medo de fracassar, ouse, seja criativo, e você vai tornar realidade aquilo que antes parecia impossível.

Por fim, nesta nova realidade que, mesmo passageira, vai transformar nossos hábitos e costumes daqui em diante, o que você enxerga como o futuro da área física dos shoppings centers? Quais as inclinações e o que já é real?

Os shoppings serão cada vez mais híbridos, um grande palco de lazer diversificado, gastronomia de qualidade e serviços em geral, e não mais um grande centro de compras com uma combinação de lojas, fastfood e salas de cinema. Oferecerão interação com o cliente por meio da comunicação customizada, gerando conteúdo e serviços relevantes. Em outras palavras, o futuro das lojas físicas passa pela adoção da multicanalidade, em que não será possível somente atuar no comercio físico sem também interagir com o cliente de forma digital.

O PHYGITAL é esta simbiose entre ponto de contato e conexão. O que fica como legado da pandemia é que a loja física passa a ser cada vez mais um showroom; as pessoas estão comprando mais pela internet e usando a loja física para conhecer os produtos, interagir com as marcas, viver a experiência do atendimento e não necessariamente para comprar nesta ocasião. Porém, formam opinião, criam uma relação de confiança com a marca.

 

Luis Felipe Salles é empreendedor e sócio do Lages Garden Shopping, em Lages (SC) e fundador da Mix Retail Malls, empresa de planejamento de shopping centers, comercialização de lojas e expansão de varejo. Na indústria de shoppings, atuou em cargos de liderança comercial e desenvolvimento. Tem MBA em Gestão de Varejo com ênfase em e-commerce pela Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro.

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