Por Maurício Andrade de Paula
Como complemento da exposição vista na primeira parte deste artigo, vamos avançar agora para entender quais são os três estágios de maturidade digital na visão da Capgemini. São eles: Preditivo, Prescritivo e Inteligente.
E compreenda, estar no patamar “dos Inteligentes” significa alcançar o estágio mais avançado em nossa curva de maturidade digital, mas não apenas isto. Embora os termos “inteligente” ou “cognitivo” sejam usados em alguns momentos para definir algumas aplicações específicas de IA, em termos científicos a diferença entre os dois é bastante grande.
A principal diferença é que a IA é uma ferramenta destinada a apoiar a tomada de decisão humana. Enquanto a computação inteligente ou cognitiva, por outro lado, é um conjunto de tecnologias avançadas que imitam o processo de pensamento humano.
O exemplo mais proeminente de tecnologias cognitivas hoje são os chatbots e os demais canais de atendimento ao cliente, que podem ser programados para raciocinar como os humanos para responder às dúvidas e problemas dos clientes de forma absolutamente autônoma. Dessa forma criam-se capacidades quase semelhantes ao raciocínio humano que podem aliviar algumas tarefas rotineiras e repetitivas. As duas tecnologias são semelhantes na teoria, mas diferentes na prática.
Olhando além dos recursos de bate-papo baseados em IA, os recursos cognitivos podem ser usados para uma variedade de recursos de planejamento da cadeia de valor do varejo. Não é por acaso que os principais varejistas estão usando a automação para imitar a tomada de decisão sobre o consumo de estoque, sugerindo extensões e edições de sortimento e até mesmo determinando os benefícios comerciais das opções de transporte rápido.
Estudo de caso
Vamos agora ver, na prática, como essas ideias podem ser postas em funcionamento. O case que veremos é de um cliente global da Capgemini, que racionalizou seus processos de remarcações de preço e alocação automática de mercadorias.
Para este varejista do setor de moda, os produtos que vão entrar em estado “fora de linha”, para troca de coleção por exemplo, precisam ser alocados com quatro semanas de antecedência para garantir que o estoque esteja na loja e não “preso” em um depósito ou central de distribuição, o que resulta em desperdício de mercadorias e incremento nos custos de manutenção. Esse processo de fim de vida útil era complicado, pois a equipe precisava atualizar manualmente o sistema de reposição. Além disso, devido ao grande volume de atualizações (mais de 500 linhas/dia), houve também uma taxa relativamente alta de imprecisão e a necessidade de correções.
A Capgemini trabalhou com esse cliente para automatizar esse processo ao criar um bot, que materializa a automação de processos robóticos (RPA), examina cada linha de estilo no banco de dados e determina se a estratégia de fim de temporada deve ser aplicada. No caso de uma atualização, o bot também determina qual seleção de loja precisa ser atualizada.
Os resultados foram evidentes: o tempo total de trabalho foi reduzido de 7,7 horas/semana feito por funcionários para 45 minutos sob a gestão do bot – uma redução de 91%; redução significativa dos estoques; melhor realização de preço-médio por temporada; e uma economia total de 5.338 horas/ano por meio da automação parcial do processo de alocação.
Tornando-se Inteligente: como construir valor incremental
Como construir um projeto como este citado acima? Os varejistas que desejam avançar em sua estratégia de dados precisam ter em mente que a maturidade digital é uma jornada, não um “ponto fixo”, e que eles devem começar ontem!
Na prática, como os sistemas de IA são baseados em algoritmos que aprendem à medida que mais dados e eventos são adicionados, isto significa que eles se tornam mais poderosos com o passar do tempo. É por isso que é tão importante que os varejistas comecem sua jornada imediatamente, porque construir maturidade digital leva tempo. E atrasos agora podem significar uma obsolescência rapidamente, logo ali “na esquina”.
Mas embora a maturidade não possa ser alcançada da noite para o dia, os resultados podem. As organizações que começam sua jornada podem esperar ver ganhos incrementais no início de seu programa. E como as soluções digitais se tornarão mais e mais precisas com o tempo, o impacto positivo aumentará significativamente com o tempo.
O foco na adoção de tecnologias de IA pelos usuários é uma etapa crítica que não pode ser negligenciada. Agregar valor real por meio de IA significa incorporar tanto a arte quanto a ciência, o conhecimento e a tomada de decisão do planejador/comerciante e a tecnologia cognitiva para fornecer insights, capturar outliers e picos de tendência, usando tudo isso a favor do varejista nos muitos processos de tomada de decisão que podem impactar estoques, preços, sortimentos, promoções etc.
Os programas que destacam a importância do usuário obtêm sucesso em ganhar confiança e garantir a adoção de métodos de IA gerando benefícios para os negócios. Mas entenda, a jornada para a IA não é uma pessoa em um dia e um computador no outro, e deve ser vista como uma parceria. Algo que permite a tomada de decisões estratégicas por nossas talentosas equipes de varejo, aprimoradas por insights valiosos.
A capacidade de prever e moldar tendências é uma capacidade que as organizações precisam desenvolver imediatamente por meio da coleta e análise constantes de dados. Dessa forma, o investimento se pagará, já que a empresa será capaz de redefinir as principais áreas de planejamento, merchandising e distribuição de uma forma que otimiza o estoque, equipe e outros recursos, cujas variações nos indicadores de negócios representam milhões em retorno sobre os investimentos.
Vamos juntos nessa jornada?