Por Adriana Lima
Diretora de Operações da rede Rei do Mate
Segundo alguns dicionários, os significados dos verbos acima são:
Querer: expressar a intenção ou a vontade de; desejar…
Poder: ter a faculdade ou a possibilidade de…
No dia a dia, usamos essas palavras de forma coloquial ou não, mas sempre as empregando com segurança, pois ambas dependem apenas da nossa vontade ou disponibilidade.
Entretanto, a partir do momento em que uma delas passa a ser imposta, seu sentido e o de nossa vida podem mudar completamente, trazendo sentimentos nada agradáveis por um simples motivo – perdemos o direito de escolha.
A quarentena me fez relembrar esse sentimento, que tinha vivido apenas uma única vez, aos 38 anos quando soube que não poderia mais ser mãe. Chorei muito, fiquei muito inconformada, mas, depois o tempo e os lindos olhos e o sorriso de minha filha, que tinha perto de dois anos, me fizeram esquecer e me permitir a levar a vida com toda a energia, força e alegria que tento manter até hoje. E me sinto realizada!
Mas é fato: uma coisa é não querer; outra coisa é não poder ter mais filhos.
E é assim que me sinto desde que a quarentena nos foi imposta. Impotente…
Claro que estou aproveitando todos os recursos e a criatividade que o isolamento está nos proporcionando e, principalmente, respeitando as determinações obrigatórias nem tanto por mim, mas muito por todos nós.
Continuo trabalhando muito, cuidando da família, dos amigos, de mim… Mas nada disso tira o sentimento de impotência ou da falta de PODER de decisão do que QUEREMOS fazer.
A dicotomia passa a aflorar a todo momento: Ansiedade – Controle; Bem – Mal; Ter – Ser; Solidão – Atitude; Imersão – Expansão; Isolamento – Amigos; Querer – Poder.
E é essa mesma dicotomia que nos mostra caminhos diferentes – melhores, piores ou neutros. Mas, se fizermos o que acreditamos ser o certo para o momento, respeitando nossos valores pessoais, sairemos melhores, mais fortes e resilientes.
Sendo assim, sugiro ouvirmos o poeta e cantor Oswaldo Montenegro, que diz:
“Eu sei que isso não é para sempre, mas sempre não é todo dia.
Abre a porta da Alegria e deixe entrar”
Pois já, já tudo vai recomeçar.
