Por Reuters

O Nubank está inaugurando sua filial no México, dando início a um processo de expansão internacional que pode se espraiar para outros mercados da América Latina nos próximos anos.

Sob a marca “Nu”, o escritório mexicano começa com uma equipe de 20 pessoas. O plano é que os primeiros cartões, de crédito ou de débito, sejam emitidos no segundo semestre.

O movimento acontece quase seis anos após o surgimento da plataforma digital de serviços financeiros, que se popularizou no Brasil por meio de seus cartões de crédito roxos sem taxa de anuidade. A empresa tem hoje cerca de 8,5 milhões de clientes.

De acordo com a vice-presidente de operações do Nubank, Cristina Junqueira, características similares entre Brasil e México, incluindo grande número de desbancarizados, grande acesso a serviços de internet móvel e setor bancário altamente concentrado permitem que a companhia possa também crescer lá de forma relativamente rápida.

Segundo dados do Banco Mundial, citados pelo Nubank, o México tinha no fim de 2017 cerca de 36 milhões de pessoas sem acesso ao sistema bancário. Além disso, assim como no Brasil, mais de 80 por cento dos ativos financeiros no México estão concentrados em só cinco instituições financeiras.

Esse cenário, mais o elevado percentual da população com acesso a serviços de internet móvel e da regulação pró-competição, permitiu a rápida proliferação das fintechs no Brasil nos últimos anos.

“E ainda há uma vantagem: a penetração dos cartões no gasto privado das famílias é sensivelmente menor do que o Brasil, o que cria uma grande oportunidade para nós”, disse Cristina.

A executiva citou ainda o fato do México ter aprovado no ano passado uma regulamentação para funcionamento das fintechs, mas aquele mercado ainda experimenta uma fase similar à vivida pelo Brasil há cerca de cinco anos, quando esse setor começou a ganhar tração. Hoje, já são mais de 400 dessas entidades em operação no mercado brasileiro, segundo dados do Banco Central.

Sem revelar valores, a executiva disse que o investimento para início das operações no México é menor do que o feito nessa fase do negócio no Brasil e que não vai consumir recursos dos 180 milhões de dólares recebidos pelo Nubank da empresa chinesa de internet Tencent, em outubro passado.

Desde que surgiu há pouco mais de cinco anos, o Nubank já recebeu mais de 400 milhões de dólares em sete rodadas de investimento de investidores como Sequoia Capital, Kaszek Ventures, Tiger Global Management e da própria Tencent.

Para Cristina, mesmo com o processo de internacionalização, o foco da fintech segue sendo ampliar serviços no Brasil. Após ter começado a operar contas de pagamentos, o Nubank começou neste ano a oferecer crédito pessoal no país, o que deve ser lançado em larga escala nos próximos meses.

Na esteira da expansão da base de clientes e do leque de produtos, o Nubank tem simultaneamente ampliando sua equipe, que tem hoje cerca de 1,5 mil funcionários.

Mercado de pagamentos

A chegada do Nubank ao México acontece no momento em que a concorrência no setor de pagamentos no Brasil deu uma guinada nas últimas semanas, desde que a Rede, braço de adquirência do Itaú Unibanco anunciou que ia zerar a cobrança de juros na antecipação de recebíveis.

Para analistas, o movimento deve reduzir ainda mais as margens do setor e pressionar operadoras não ligadas a bancos, que têm menos poder de mercado.

Para Cristina, no entanto, o movimento da Rede é positivo e o Nubank está pronto para competir. “O aumento da competição é um movimento lindo”, disse ela.

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