Por Luis Felipe Salles
Especialista em Mercado de shopping centers Membro fundador do Portal NDEV
Tenho cada vez mais preocupação com o nosso negócio pelo impacto da mudança de comportamento do consumidor; bem como na transformação dos Shoppings Centers. Em especial na expansão e no setor de franchising que preza pela atratividade do mix nos empreendimentos. Numa observação, percebo que nos últimos três anos o segmento que menos cresce, é o de vestuário.
A moda feminina sempre foi o segmento que mais atraia a atenção de consumidoras ávidas por novidades e esse era o motivo ideal para passear nos Malls; olhar os lançamentos e ficar por dentro de tendências das novas coleções. Era o famoso jargão de ver e ser vista, e com isso, buscavam a sedução das vitrines como uma indulgência de um reconhecimento próprio, assim, acontecia a compra de impulso. Os cenários e o visual merchandising das lojas de moda magnetizavam as consumidoras e isso sempre fomentou as vendas.
Em contraste a este cenário; a venda por impulso caiu e o consumo consciente cresceu. A informação de moda hoje é muito antecipada e fortemente trabalhada nos look books pelo Instagram, Facebook influenciada por blogueiras e sites das lojas. As vitrines que realizavam esse trabalho de garantir as novidades, hoje já não tem mais o mesmo impacto.
O que vem crescendo no setor de franquias são os segmentos de serviços, alimentos, saúde, belezas e demanda de investimento menor e baixo ou nenhum estoque. O que agrava a minha preocupação, pois os empreendedores olham estes e outros segmentos como “menos nobres”. Ou seja, tratam como segundo plano e sem glamour ou desejo na prospecção e com menor facilidade na negociação, exatamente porque remuneram menos, pois o faturamento é menor.
Porém, estou confiante que estes novos segmentos serão muito mais presentes no futuro do MIX e que irão oxigenar a renda aos negócios. Cada vez mais as lojas de serviços, área de lazer, saúde, educação, produtos de conveniência e soluções para casa serão os destaques no crescimento. Há três anos atrás, as marcas de moda estavam em 4º lugar no ranking de lojas abertas via expansão de franquias. Há dez anos atrás, era o 2° lugar e altamente desejadas, só perdia para os fast food, sendo as marcas de alimentação sempre as campeãs.
A grande reflexão que proponho aos leitores é a rapidez para retomar essa importante fatia da economia que movimenta a indústria têxtil e o varejo nos shoppings. O ranking atual do segmento de moda está em penúltimo no percentual de crescimento e de faturamento em comparação a doze segmentos, no mesmo período do ano passado. Isso é um fato, digno de nota, enorme preocupação para o futuro.
O mercado não diminuiu, pelo contrário aumentou, o franchising cresceu 7,4% no acumulado em 12 meses com novas formatos entrantes. Isso evidencia que as franquias crescem muito acima do PIB. E a média de crescimento indica o contínuo crescimento com 8,4% no 2º trimestre, comparado ao ano passado.
Porém,as franquias de moda diminuíram, muitas das marcas desejadas estão na mão de fundos de investimento e não com o controle pelo varejista. Com isso, se criou um distanciamento de franqueado com a marca/estilista tornando a gestão mais profissional visando lucro e cada vez mais impessoal. Outro fato que inibe os modelos de franquias de lojas conceituadas são os altos valores de implantação, em especial nos custos de estrutura das unidades.
Em resultado a este movimento, as lojas âncoras estão cada vez mais fortes no fast fashion com suas lojas parecendo várias boutiques dentro de um loja popular. Com uma jogada estratégica, os lojistas estão apostando em coleções com curadoria de estilistas famosos, inclusive internacionais, e usando a mídia social e o e-commerce a favor.
O que sobra no Mix dos shoppings em Moda sãos as multimarcas locais e confecções pequenas que vivem sem poder expandir amarradas ao sistema de impostos Simples e de condução e gestão familiar. E o nosso papel como especialistas é justamente fomentar e reinventar o modelo de negócio visando o crescimento do varejo de moda e na gestão muito menos fashion e em condições simples, básica, rápida e barata.
Em suma, a tecnologia através das redes sociais está a favor aumentando e simplificando,tornando os processos cada vez mais baratos. Este modelo é apenas o início da mudança de mix de moda para o futuro e a viabilidade financeira do modelo de negócio.
Por Luis Felipe Salles Especialista em Mercado de shopping centers Membro fundador do Portal NDEV