Manter o fluxo natural de crescimento, levando em conta a evolução do mercado em que varejistas e empreendedores estão com margens menores é o novo desafio do varejo 4.0.
A nova era da hiperconexão do consumidor e desenvolvimento do formato omnichannel no varejo, alterarou os investimentos das empresas por maior demanda de capital.
Isso alterou a previsão de ganhos para um outro patamar, visando pelo menos manter a razoabilidade dos negócios.
Aumento de vendas tem acontecido, porém não com a mesma rentabilidade.
Já é sabido que a fase de “vacas gordas” dos lojistas e dos shopping centers passou. Agora, o buraco é mais embaixo! A Inês é morta! A casa caiu! “Azedou”, como é falado coloquialmente.
Infelizmente, a margem de ambos não é mais a mesma.
O ecossistema está completamente diferente e, com isso, as contas que compõem os custos das operações e o lucro líquido dos negócios não são os que foram projetadas anos atrás, tanto para os empreendedores de shopping quanto para os lojistas.
O avanço varejo multicanal vem crescendo, ainda que inicialmente realizado apenas por algumas marcas de rede nacional que são mais estruturadas.
Entretanto, com a diminuição dos custos de tecnologia e logística num futuro não tão distante, a maneira omni de operar chegará aos varejistas menores incluindo os lojistas de rua do interior – óbvio que os de visão mais moderna.
A adequação ao modelo de negócio com inclusão virtual, assim como as entregas ao consumidor, serão uma questão de sobrevivência. Talvez não seja uma opção e, sim, uma obrigação.
Hoje, os shopping centers estão investindo na criação de grandes plataformas digitais, tornando-se marketplaces poderosos, plugando os lojistas e incluindo a entrega de produtos onde o consumidor definir, bem como uma série de benefícios e serviços desenvolvidos para a navegação nestes ambientes.
É notório que o comportamento do consumidor muda, assim como seu estilo de vida, porém o que está diferente é a velocidade. A mudança ficou rápida demais.
Não são mais em ciclos longos, como aconteceu com os “baby boomers”, com a “geração X”, e os “Millennials”. Agora, a mudança está muito mais acelerada com a geração Z, o negócio está cada mais nichado, existe uma hiper segmentação que envolve o estilo das pessoas, não necessariamente a divisão por idade, gênero, classe social e renda como eram anteriormente montados o modelo de negócios e mix de produtos.
E imagina como serão os consumidores do futuro, os “Alphas”? Mais mudanças teremos pela frente.
Se pudesse comparar os empreendedores e lojistas com um animal, o nome seria camaleão. Resistente e mutante!
Shopping centers e varejistas estão juntos na jornada da inovação para estarem alinhados com o consumidor. Mas será que eles estão preparados para isso e que custo terão para que os negócios fiquem de pé?
As empresas com maior respaldo e fluxo de caixa para manterem o negócio sempre atraente e com capacidade para expandir as lojas continuarão investindo em inovação, sabendo que o retorno é de longo prazo?
Os empreendedores não podem parar de investir em novas tecnologias e reinvestir na qualidade e atratividade dos shopping centers, mesmo sabendo que a receita de alugueis teve uma grande queda após a crise ( 2014 a 2017) em função da vacância não projetada. Além disso, há a tendência de criar a receita de estacionamento, com os efeitos da “uberização” e forte mudança dos hábitos da mobilidade urbana, além da invasão do uso de modelos de transporte compartilhados.
É previsível que haverá mais recursos aportados e mais longos serão os prazos de retorno.
Em ambos os casos, empreendedores e varejistas aplicam capital intensivo de curto prazo para retorno de longo prazo, mas pagar a conta do mês está cada vez mais difícil.
O artigo não trata de futurologia, só perguntas e reflexões. O que estamos vivendo é uma busca de soluções, em que todos estão se esforçando para o equilíbrio e sustentação dos negócios envolvendo a inovação ou, melhor dizendo, é um simples alinhamento com o cliente, que custa mais caro.
O que sabemos é que a vida segue, as experiências e os sentidos humanos com a necessidade da interação pessoal sempre continuarão e, com isso, será mantido o fluxo nas lojas físicas e nos shopping centers como um grande centro de convívio.
As vendas são consequência.
A realidade do novo varejo 4.0, ou varejo phigital,engloba praticidade, conveniência e busca pela velocidade, além do modo cada vez mais assertivo e barato de atender com foco no propósito claro da marca e no reconhecimento do cliente.
Essa união do online com o off-line (O2O) é a onda em que estamos surfando. Creio que não haverá retorno para essa fusão.
O comportamento dita as regas, os consumidores estão no centro de tudo, cada vez mais voláteis.
Com certeza, os investimentos de varejistas e empreendedores não cessarão, a equação para o equilíbrio não é mais tão exata e previsível como antes. E isso que gera problema, é o ponto de atenção.
Shopping centers e varejistas têm suas certezas, premissas foco e planos. Porém somente juntos vivem. Um precisa do outro, não existe o que é certo e, sim, o que vale fazer para juntos fazer durar o negócio com uma rentabilidade mínima.
Estamos em um momento de readequação do varejista, que se atualiza investindo no ominichannel ou, pelo menos, tem um aparato mais tecnológico na busca do entendimento e comunicação assertiva com seu cliente.
O shopping, por sua vez, transforma-se e funciona como um integrador digital e palco de experiência física com foco em entretenimento, alimentação e serviços.
Mas e a monetização do novo modelo?
Todos já entendemos vários pontos do comportamento do consumidor. A batalha interna e oculta no mundo corporativo é ajustar o custo e lucro em função mudança abrupta do hábito de compras. Faz-se necessário adaptar o modelo financeiro com um plano de negócios diferente, tanto o empreendedor como o lojista. Reclamar é que não tem espaço.
O shopping, no meu entendimento, não é mais um negócio de REAL ESTATE (Rentabilidade do negócio pelo valor do aluguel por metro quadrado).
Creio que o novo nome será REAL RETAIL(Rentabilidade sob varejo ou seja, sobre as vendas dos lojistas, marketing digital, merchandising e prestação de serviços).
Imagino que a remuneração do empreendimento poderá ter, em seu composto, a cobrança de serviços de BI como um integrador de inteligência de mercado em relação a jornada de consumo, estratificando os convidados por estilo de vida.
Muito ainda será investido em software e inteligência artificialpelos empreendedores para ter a informação cada vez mais seletiva para uso dos varejistas. Bem como no mercado de mídia. E isso terá grande valor.
Outro exemplo que já percebo será a criação de meios de pagamentos digitais “private labor” pelos shopping centers em parceria com adquirentes (bandeiras de meio de pagamentos) ou de bancos, com uma negociação atraente para diminuir as taxas para o lojista, sendo que, em troca, há o estímulo ao uso frequente pelo consumidor e a fidelização pelo shopping.
Os empreendedores criarão novas fontes complementares de receita em função das perdas do modelo praticado atualmente. Ainda não sei bem quais serão, mas existirão!
O foco do shopping será fomentar o aumento das vendas, disponibilizando várias novas ferramentas. Isso é certo que os lojistas demandarão.
Espero que a equação financeira das soluções que estão por vir seja razoável e equilibrada. Cada vez mais, varejistas e empreendedores estarão unidos na batalha de conquistar o consumidor, mantendo o foco na rentabilidade com respeito e transparência. Isso pelo menos é certo: a união dos setores não tem volta.
Shopping Centers e varejistas apenas terão sucesso juntos.
Se Geraldo Vandré vivo estivesse, a música seria “caminhando e inovando e seguindo a canção, shopping e lojista são iguais de braços dados ou não. Vem, vamos embora que esperar não é saber, com inovação quem sabe faz a hora, não espera acontecer.”